terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Como escrever uma crítica comprada e influenciar pessoas


Venho a vocês escrevendo este pequeno e humilde artigo no intuito de tentar ajudar a solucionar um problema sério que infelizmente bate na porta de muitos críticos, - A dificuldade de escrever uma crítica comprada e/ou forjada.

Em minhas viagens, percebi que muitas pessoas tinham uma inconsciente dificuldade de entender a essência dos filmes que adoravam ver, e a principal pessoa a ser atingida por esse mal era eu mesmo. Um pouco obcecado em entender a ciência dos filmes, comecei a estudar e a cada dia tento me aprofundar um pouco nos pilares que seguram esse vasto mundo.

O Viajante do Cinema surgiu como uma forma de testar constantemente os meus conhecimentos através de analises e resenhas de minhas viagens. As críticas, como podem perceber ainda precisam e sempre precisaram de muitas melhorias. Então a primeira dica é: Nunca deixe de estudar!

Assim que críticos atingem um certo grau de grau e prestigio, assim como a fome e o sono, uma importante necessidade surge, - A necessidade de escrever uma crítica comprada.

Percebi que essa necessidade era uma importante dificuldade que precisava ser superada, visto que não é fácil influenciar a mente do seu público alvo e faze-los acreditar que certo filme é bom quando não é, por exemplo.

Não se esqueçam que não estou falando sobre gosto pessoal e sim sobre a necessidade de fazer com que outras pessoas acreditem em algo que não corresponde com a "realidade" em questão. Gostar de um filme, ou não gostar, não interfere em nenhum aspecto a crítica honesta.

Obs: Para aproveitar melhor o conteúdo desse artigo, leia e releia cada pedaço com bastante atenção.



1° COMECE FALANDO SOBRE A DIFICULDADE QUE É FAZER UM FILME ASSIM.


Começar elevando as dificuldades faz com que nossa mente apague as vantagens a favor da obra e associe o resultado final pelo viés do esforço e do suor que foi para produzi-la. Se uma pessoa faz algo com muito esforço, a próxima associação da nossa mente será a do amor e do carinho que foi produzi-la, quando na verdade não percebemos que assim como os seres humanos, os filmes também tem limitações, mas são elas que nos deixam mais criativos.

Culpar o mundo pelos nossos erros é algo que sempre fazemos e sempre iremos fazer, então as chances de alguém se identificar e comprar a sua crítica logo de cara ira subir.

Ex: ... "Antes de começar gostaria de falar que fazer um filme assim não é e nunca será fácil, visto pelo fato de ser um público alvo muito fechado e que trasportar algo desse gênero é praticamente impossível, ainda mais se analisarmos pelo fato de o diretor ter se formado ontem..."

"... Passado isso, podemos começar!"

2° DEDIQUE DE DOIS A TRÊS PARÁGRAFOS APENAS PARA A SINOPSE (MAS CUIDADO COM SPOILERS).

Além de ganhar mais parágrafos que deixarão sua crítica esteticamente mais bonita, o objetivo aqui é colocar no leitor um ponto de vista errôneo em relação a trama. Sem spoilers, explique minuciosamente porque aquele pedaço x aconteceu assim e qual foi sua "importância" para a trama. Fazendo isso você dará ao leitor uma falsa sensação de aprendizado e ele ira ao cinema com a visão que você colocou.

Se achar que cabe, dramatizar pode criar uma pequena sensação de emoção e o leitor irá ao cinema ansioso querendo mais. Isso só funcionara se você conhecer bem o seu público, não caia em suas próprias emoções forjadas.

Não se esqueça de exaltar e exagerar os pontos positivos e levemente mascarar e, quando der, omitir os negativos. Isso dará uma sensação de maior importância nos positivos e parecerá que os negativos não atrapalham a trama. Caso contrário, sua sinopse não surtira efeito.

Quando temos a sensação que estamos ganhando boas informações, que geralmente são aquelas que queremos ouvir, qualquer leitor não se incomodara com uma sinopse tão grande e minuciosa, mesmo que sinopses em críticas servem apenas para situar o leitor sobre o que iremos falar.

Ex: ... "Quando Fenicio perde metade de seu vilarejo para Slin, o dragão que está assolando toda sua amada terra, ele precisará embarcar em uma jornada com grandes reviravoltas para encontrar Baradur, a espada mágica, feita por Eliodor, o mago mais poderoso do mundo perdido e assassinar o dragão..."

(Essa é uma trama principal que já agradará o nicho em especifico, mas quando seu leitor for assistir ao filme, verá que Fenicio poderia resolver a trama na primeira cena, porque seu primo tinha uma lança que matava dragões em sua casa.)

Se for esse o caso continue assim:

..." Fenicio era apaixonado por grandes aventuras, e não perderia essa por nada nesse mundo, estava totalmente cego pelo que estava ao seu redor e a espada mágica poderia acabar não apenas com esse problema mas com todos os outros no Mundo Medieval..."

(Perceba que essa última informação não constará no filme, nem nas entrelinhas, mais alguns leitores não irão perceber, desde que você a carimbe com uma voz de autenticidade e "sabedoria").

3° ELOGIE O QUEM TEM BOM EM TERMOS TÉCNICOS E OMITA O QUE NÃO TEM.

Se você começar sua crítica comprada falando bem das cenas de ação ou dos bons efeitos visuais na cena x, sua crítica perderá a autenticidade na hora, pois sem uma trama que justifique tudo isso, esses fatores irão por água abaixo. Agora é a hora de enaltece-los.

Se o filme tiver uma boa fotografia, bons cenários, boa trilha sonora e uma boa edição você está com sorte, mas se não tiver muitos desses fatores, é hora de elevar os melhores.

Pegue aquela cena em especial que ficou bem coreografada, ou o excelente desing de produção e diga, de uma maneira indireta, que esses fatores levam o filme a outro patamar.

4° HORA DE FALAR MAL.

Nem aqueles filmes excelentes, com críticas honestas quase impecáveis, quase sempre um fator negativo aparecera. Até os críticos ainda honestos tem medo de que suas críticas pareçam compradas, e precisam falar mal de algo para se sentirem em paz e dentro dos campos lógicos.

Sendo assim, se a sua crítica comprada não apresentar alguns fatores negativos ela perderá toda a sua autenticidade.

Mostre humildade e diga que aquele fator dali e aquele daqui atrapalham o filme de algum modo. Esse pode ser um momento decisivo, lembre-se que se você chegou ao estágio de escrever uma crítica comprada é porque você é realmente bom e um dia foi honesto, então diga, inconscientemente, que apesar desses defeitos sua experiencia assistindo ao filme em questão foi muito boa.

5° SE NADA DISSO FUNCIONAR APELE PARA O FANBOY.

Se seu público for inteligente demais e tudo isso infelizmente desmoronar, o que é difícil, você poderá jogar sujo.

Escreva para um nicho em especifico que nunca achará esse filme ruim não importa o que aconteça e faça a crítica mais emocional possível.

O importante aqui não é disfarçar, é usar sua voz e dizer que o filme é excelente por quase todos os fatores. Agora você nem precisará falar mal do filme e sim concentrar seus ataques, indiretamente, para aqueles que não gostarão do filme, dizendo coisas como: Hoje em dia existe a necessidade da perfeição, ou que pseudo cinéfilos irão falar mal, ou até mesmo que é apenas entretenimento escapista.

Perceba que o intuito é criar polemicas e brigas, pois até os fãs das críticas honestas sentirão vontade de voltar a ler outra crítica sua, só para ver o que esse "idiota" vai falar agora.

A necessidade que temos de nos sentirmos importantes fará com que até os inteligente voltem para assistir suas críticas, mesmo que seja para falar mal. Muitos deles nunca perceberão que o melhor para eles mesmos e para acabar com a doença das críticas compradas seria justamente ignorar.

6° APENAS UM GOSTINHO...

As pessoas falam através de sentimentos e tem um grande interesse de saber o dos outros para poder interpretar os seus próprios. Sendo assim, só para criar aquele gostinho final, coloque no final a sua opinião através de um sentimento gritante, criando algo de extrema importância : A VIBE!

Lembre-se que esse gostinho não pode fazer parte da crítica. Deixe claro que você está dando uma pitadinha a mais depois de te-los servido um prato de "inteligencia".



EX:

O Viajante 0, Matheus Amaral.




"AMEEEEEEEEEEEEEEEEEI !!!!!!!!!"





sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Crítica | Capitão Fantástico (2016)


Após uma família decidir viver na floresta a sua maneira. Ben, estrelado por Viggo Mortensen, acredita ter criado uma utopia, até que sua mulher que estava afastada devido a uma doença, morre, fazendo com que Ben e seus filhos iniciem uma viajem de volta a sociedade "comum" para ir ao enterro. Mas o que Ben não esperava era aprender mais uma lição importantíssima sobre a vida.

Capitão Fantástico trabalha com as falhas e hipocrisias da vida em sociedade em um ótimo Drama Social. Problemas importantíssimos que são engolidos pela hipocrisia, a falta de conhecimento de massa e a nossa necessidade de fazer parte da sociedade, que geralmente se mistura com a nossa necessidade de nos sentirmos importantes, nos cegam e empobrecem nossas mentes.

Sendo assim, o primeiro ato, muito bem escrito e substanciado, nos traz uma grande estranheza e aversão a Ben e sua família, mas ao mesmo tempo eles nos trazem uma excelente dose de empatia. Fazendo o publico se perguntar: Quem são essas pessoas? Porque elas são tão estranhas? mas ao mesmo tempo reprimimos essas perguntas: Porque eles parecem estar melhores do que eu? Porque eles parecem agir mais certo do que eu? Essas perguntas juntas podem criar uma divertida comedia, mas ao mesmo tempo um profundo e serio drama social, basta olhar os dois olhos.


O segundo ato, onde as complicações começam a aparecer é a parte em que o filme nos presenteia com todas as suas mensagens muito bem encaixadas em cenas muito divertidas, onde o ritmo nunca se perde. Nessa parte podemos perceber a dificuldade que é ser diferente, ir contra os padrões da sociedade, mesmo que estejamos certos.

A relação da família com ao outras pessoas cria contrapontos excelentes e nos MOSTRA que pessoas que já fecharam sua mente nunca conseguirão entender certas verdades, pois seus próprios sentimentos barram. Mas ao mesmo tempo vemos que Ben e sua família podem não estar totalmente certos, e inconsistentemente marcham para o isolamento ou a derrota iminente de uma força maior e dominante. Levantando questões do tipo: Qual é o preço de fazer coisas que não acreditamos para podermos fazer parde de um todo? Qual o preço de não fazer?


O ultimo ato do filme fecha com uma mensagem importante sobre todas as poderosas questões filosóficas que foram levantadas. Gostaria de falar mais, mas seria Spoiler.

O terceiro ato pode ser considerado feliz demais para cinéfilos mais radicais, mas ele mantem o tom bem humorado sem sair do drama social. Me incomodou mas eu comprei.

Em questão de elenco todos estão muito bem. Viggo dominou o seu personagem, todos os seus filhos também estão excelentemente criveis e carismáticos e o mesmo vale para os coadjuvantes e antagonistas.

A trilha sonora é ótima e junto a excelente fotografia, o roteiro e a direção já temos um filme indispensável.

Capitão Fantástico é um excelente drama social que trará divertimento e questionamentos para quase todos os espectadores. Não perca!

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=S-1-Kh99r_o




Dados de Viagem:(Ano Estelar-44742.1)
Data de Lançamento: 8 de Dezembro de 2016.
Local: Road Movie (Filme Estadunidense).
Guia de Viagem(Diretor): Matt Ross.





O Viajante 0, Matheus Amaral.



"Não sei se é gosto pessoal, mas talvez é o filme com mensagens mais importantes de 2016."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Crítica | A Qualquer Custo (2016)


Pegue elementos da Nova Hollywood (Movimento cinematográfico) e junte a uma trama com linguagem de Western Movies e, como resultado, temos um dos melhores Westerns modernos já feitos até o momento.

Chris Pine interpreta Toby Howard, um homem comum e simples que, devido as circunstancias, decide unir forças com seu irmão Tenner para assaltar diversos bancos locais. Mas Toby não planeja simples assaltos aleatórios, sua fuga estratégica desse momento passageiro já está encomendada. Ele só não sabe qual será o real preço de sua ideia.

Temos aqui uma estória digna de um ótimo Western, mas se passando nos dias atuais. O roteiro passeia por cenas calmas, excelentes diálogos e personagens tão fieis e empáticos quanto foi possível.

A criação de mundo mixada com os personagens criam um mundo tão vivo, real e cru que nós fascina desde a cena de abertura até o encerramento.


A direção de  David Mackenzie traz consigo a identidade visual ideal para a trama. Uma movimentação pacifica, crua e levemente nostálgica. Cinéfilos mais Hardcore vão se sentir assistindo a um filme produzido na época de Meu Ódio Será Sua Herança e Bonny e Clyde.

Fãs de Westerns também se deliciarão, aqui temos elementos como: Brancos e Comanches, anti-heróis, fuga e perseguição entre outros.

A Qualquer Custo consegue mixar o que há de melhor na sétima arte: Um roteiro que traz uma estoria simples e profunda, nos mostrando o que é carregar um prisão para onde você for, o que acontece quando reprimimos a maldade que existe dentro de nós e o qual é o preço de atitudes que depois nos arrependeremos,

E cenas tão lindas que mais parecem pinturas. É aquele tipo de filme que queremos prestar atenção em cada quadro e não perder nenhum dialogo.


Outro forte fator é a ótima atuação de todos os atores, todos dão a carga dramática ideal e vivem seu personagens com exatidão. Por mais que o filme tenha protagonistas e antagonistas, o bom trabalho de criação de mundo e de personagens deixa subtendido que as situações que nós criamos para nós mesmos são nossos verdadeiros antagonistas.

A Qualquer Custo veio para nos mostrar que antigos elementos e gêneros ainda estão vivos e que o cinema é uma das manifestações artísticas mais bonitas que temos, seja visualmente ou emocionalmente.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=JQoqsKoJVDw




Dados de Viagem:(Ano Estelar-46722.9)
Data de Lançamento: 5 de Janeiro de 2017
Local: Texas (Filme Estadunidense).
Guia de Viagem(Diretor): David Mackenzie
Titulo Original: Hell or High Water.





O Viajante 0, Matheus Amaral



"Um dos melhores do ano, não percam essa ótima experiencia!"

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Crítica | Encurralado (1971)


Um dos primeiros trabalhos do diretor Steven Spielberg foi o longa metragem Encurralado, que mistura elementos de suspense e terror em um dos melhores Road Movies já feitos.

David Mann está em uma longa viagem na estrada para uma entrevista de emprego. Tudo está aparentemente bem até um estranho caminhão começar a persegui-lo, sem nenhum motivo aparente, para tentar assassiná-lo. O problema é: Ninguém, nem mesmo David consegue acreditar no que está acontecendo.

Encurralado pode apenas parecer um simples filme envolvendo uma perseguição que traz um bom valor de entretenimento. E de fato ele é; mas, por trás de um ótimo trabalho de roteiro estão excelentes conceitos sobre O que é o mau? Ou O que é o monstro?

A viagem comum de David Mann é surpreendida por um ser irracional que almeja a sua destruição, e esse mau se apresenta na forma de um caminhão. Os takes do caminhão poeticamente nos mostram como esse monstro se locomove, como ele se cansa, como ele ruge e como ele sangra.


E o principal trunfo do filme é o mistério que envolve o que realmente está acontecendo e quem ou o que é o autor de atos tão maldosos. - Como será o MONSTRO que está dirigindo o caminhão? Que tipo de doença ou aparência ele teria? Estás são perguntas que indiretamente são muito bem respondias no filme.

Na serie de TV Narcos, o personagem de Boyd Holbrook disse no Último episodio da segunda temporada: "Você fica anos imaginando como o diabo é, e quando finalmente o encontra é decepcionante.” A caçada terminou, Pablo Escobar está morto!

 A sugestão de Horror é o verdadeiro Horror, quando pressentimos perigo nossa mente começa a listar todo os tipos de coisas horríveis que podem acontecer no intuito de encontrar uma solução. Essa é uma das rasões para os espíritos estarem dominando o cinema e os Serial Killers (Slashers) irem saindo pela tangente. Eles são pessoas, você os encara e os fere, mas um espirito é uma centelha do mau, e o que vemos é apenas a cara deformada de uma garota. Como será o ser maligno que está por trás dessa garota?

Encurralado nos mostra que o verdadeiro monstro ou o verdadeiro mau pode se manifestar de qualquer maneira, ele não tem rosto e é isso que o torna um monstro. As aparências são disfarces para as emoções. Neste caso o monstro que assombra o senhor Mann é um caminhão, suas tentativas de encontrar um rosto ou uma rasão para aquilo estar acontecendo são falhas.



Outro ótimo fator que o filme explora é o conceito de perseguição. David Mann vê um ser maligno e físico querendo mata-ló, não importa o que ele faça o perseguidor sempre vai estar lá e ninguém conseguirá ajuda-lo. As pessoas que estão em volta vêm um homem desesperado sem motivo aparente, apenas David vê os fatores que apontam algo maligno querendo fazer mau a sua vida. Te lembra algo em sua vida?

O único fator que me incomodou são algumas cenas em que o protagonista pensa, elas não são ruins mas poderiam ser exploradas de uma maneira muito melhor.

Encurralado é um filme que tem ótimos conceitos, uma ótima direção, uma ótima edição e um excelente valor de entretenimento. Mesmo sendo um filme de 1971 ele tem ritmo e é frenético até hoje.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=SutDTIhbQ2g



Dados de Viagem:(Ano Estelar-46723.9)
Data de Lançamento: 10 de Novembro de 1971.
Local: Estrada! (Filme Estadunidense).
Guia de Viagem(Diretor): Steven Spielberg.
Titulo Original: Duel.





O Viajante 0, Matheus Amaral



"Amo Road Movies, não é à toa que esse site se chama O Viajante. Colocar todos esses conceitos de perseguição em um ambiente estradeiro foi mais um dos acertos que me faz adorar esse filme."

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Crítica | Moana (2016)


Brincando com algumas regras, mas ainda sendo bastante clichê. Moana passeia por uma divertida aventura familiar com um excelente trabalho de animação.

Quando Moana, uma "princesa" de uma tribo Polinésia, percebe que sua ilha está sofrendo de muitos males devido a uma lendária maldição. O mar a escolhe para viver uma jornada onde ela deverá encontrar Maui e desfazer os erros do passado.

O elemento que está sempre presente no gênero aventura é o amadurecimento. Os estudos sobre diferentes mitologias de Joseph Campbell resultou em algo que chamamos de Monomito ou Jornada do Herói, onde uma peonagem começa em uma vida cotidiana e normal, até algo desequilibrar essa vida e uma jornada para restaurar o equilibro se inicia. A Jornada ironicamente termina com a luta contra voltar para a vida cotidiana e normal, e quando o mesmo retorna, usa o aprendizado para mudar a vida dos que estão a sua volta.

Por que eu disse isso? Porque essa jornada se resume em enfrentar, amadurecer e aprender, e a todo momento somos obrigados a viver essa emoção. Precisamos ir para a escola, agora entrar na adolescência, agora perder a virgindade, agora fazer faculdade, trabalhar e por ai vai. Sempre que estamos bem a vida nos desequilibra e somos obrigados a enfrentar a jornada para voltar a vida normal. Esse elemento nunca vai morrer, mas lembre-se sempre: ISSO NÃO É UMA FÓRMULA!

Mas infelizmente isso é assunto para outro momento...


Moana não trabalha apenas com esse elemento, mas com muitos outros do gênero aventura como: A viagem externa, o objeto magico e entre outros. Muitos desses elementos já são clichês demais e as chances dos mesmos de transportar a emoção desejada até nós não é grande. 

Tendo isso em consciência, o filme tomou a liberdade de brincar um pouco com essas regras, transformando Moana em uma estória um pouco mais adulta, divertida e com algumas novidades, porem não livre de clichês.

O roteiro passeia por uma trama simples de aventura, envolvendo magia, mitologia e viagem, respeita alguns dos elementos das princesas, então espere bastante música, mas quase todas são bem legais. Sabe criar um bom ritmo crescente, dar vida para os personagens e conta com um ótimo alivio cômico.

A inversão de alguns clássicos papéis é o que faz de Moana um bom filme. Agora vemos o mágico e sábio como coadjuvante, querendo ir atrás do seu objeto mágico, mas sempre liderado pela Moana. Juntando o amor de Moana pelo mundo que ela anseia conhecer a essa inversão de papéis, o filme nos mostra que o amor verdadeiro por uma jornada pode quebrar barreiras. E ajudar um sábio!


O trabalho de animação desse filme mais uma vez é uma obra prima. Moana é a princesa mais viva, real e menos caricata até o momento. A água, a areia e os ambientes são lindíssimos. Sem contar na licença poética das tatuagens de Maui que é muito engraçado.

Moana é um ótimo filme infantil e consegue agradar os adultos. Alguns de seus elementos como a substancia que é dada para o mar por ser infantil demais para alguns adultos, pois passa uma sensação de facilidade para a protagonista. E mesmo tendo diferenças, a estória pode ser clichê para os mais exigentes. Não se esqueça de saber se posicionar e bom filme.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=yvaCwzVOjlA


Dados de Viagem:(Ano Estelar-46723.8)
Data de Lançamento: 5 de janeiro de 2017
Local: Oceania ( Filme Estadunidense).
Guia de Viagem(Diretor): John Musker, Ron Clements.





O Viajante 0, Matheus Amaral.


"É um filme bem bonitinho e divertido, mas não é tão forte e traz mensagens um pouco batidas."

sábado, 14 de janeiro de 2017

Crítica | Kubo e as Cordas Mágicas (2016)


Poético, divertido, emocionante e visualmente lindo. Kubo sabe muito bem como trabalhar com a fantasia e a diversidade cultural em uma trama simples e divertida.

Kubo, um jovem contador de estórias que vive com sua mágica mãe, é avisado que não pode sair a noite para que seus malignos parentes não descubram sua presença e não venham rapta-lo. Quando Kubo acidentalmente se distrai, sua mãe e morta e o pobre garoto se vê em uma jornada para acabar com essa ameaça.

Imaginando essa premissa tão simples e comum, Kubo mais parece uma animação "boba" para crianças do que o filme que vocês realmente assistirão.


Com uma espinha dorsal realmente simples, a animação passeia pela cultura japonesa, brinca com a física de seu mundo (Regra geral de quase todas as animações) e a preenche com uma excelente e necessária licença poética.

Misture isso a mensagens poderosas para a maioria das pessoas no mundo, como: O poder da fé, da amizade e a força que nossas dores e lembranças nos trazem; Kubo vira um filme Comum/Diferente, Simples porém profundo - Um prato cheio para nós!

O roteiro transita por cenas bem substanciadas, frases memoráveis, diálogos que as vezes falham, ótimos antagonistas e um bom ritmo.

Junte isso ao incrível trabalho de animação, que dá vida aos ambientes de maneira eximia  e cria seus personagens poeticamente, se assemelhando a origamis, casando perfeitamente com a magia do mundo criado e do mundo das animações. Já temos um ótimo filme que não pode passar batido.


Mesmo sendo uma animação familiar, toda a poesia e as mensagens que o filme traz pode ser insuportável para algumas crianças e para adultos que não compreendem certas regras de um mundo mágico.

Kubo e as Cordas Mágicas em essência é bem simples, mas traz boas mensagens, sabe ser diferente e principalmente carrega consigo um ótimo trabalho de animação e atuações.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=xG8w9jyj45o


Dados de Viagem:(Ano Estelar-46723.4)
Data de Lançamento: 13 de Outubro de 2016.
Local: Japão ( Filme Estadunidense).
Guia de Viagem(Diretor): Travis Knight.



O Viajante 0, Matheus Amaral.




"Se forem piscar, pisquem agora! O filme é muito bonitinho!"




quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Crítica Especial | A Múmia (1932-1959-1999)

A MÚMIA (1932)

Após exploradores encontrarem uma múmia Egipciana, por pura curiosidade um deles acaba lendo um antigo pergaminho que a desperta de seu sono eterno. A múmia escapa e o único que a viu enlouquece; tal evento foi dado como mentira, até a mesma decidir retornar para ressuscitar sua amada.

O primeiro filme da Múmia nas telonas trata-se de um filme de Terror Gótico produzido em Hollywood pela Universal, Ou seja: Sem jumpscares, cenas pouco perturbadoras e bastante livre do terror psicológico do Expressionismo Alemão.

Viajar por esse filme pode não ser muito uma viagem de entretenimento e mais de curiosidade, já que os filmes de terror precisam constantemente se adaptar e evoluir, esse aqui pode ser considerado sem ritmo e insuportável para muitos espectadores contemporâneos. Sem contar que o Terror Gótico praticamente morreu em essência e substância, visto que os elementos do gênero já não aparecem mais.


Tentando olhar com os olhos da Época, o filme sabe criar tensão, tem planos da cinematográficos da múmia fechados que sufocam o espectador pelo suspense e a curiosidade, tem uma ótima ideia governante e uma boa construção de cenários.

A substancia que deveria sem criada no fator sobrenatural é o ponto fraco do filme, mas a construção poética do Egito pode ser considerada como a parte forte da substancia da trama, junto com a ideia de Imhotep, a múmia, evoluir tanto fisicamente quanto mentalmente e não ser a clássica múmia-zumbi. Ela pode se misturar e se parecer coma a gente!

Levando também em consideração que estamos falando de um filme de 1 hora e 10 minutos, esse é um fator que pesa para assistirmos o filme - Não é comprido e não será a uma hora perdida na sua vida.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=1i6xNScZRP4



Dados de Viagem:(Ano Estelar-46723.1)
Data de Lançamento: 22 de Dezembro de 1932.
Local: Karnak.(Filme Americano).
Guia de Viagem(Diretor): Karl Freund.


A MÚMIA (1959)

Após um grupo de exploradores profanarem uma tumba egípcia, ignorando os avisos dos locais, um dos exploradores que passou mais tempo na tumba enlouqueceu, dizendo que uma múmia ira matar todos os que profanaram A Tumba De Ananka.

Já podemos perceber que nas entrelinhas a premissa permanece a mesma, mas, com respeito a obra original, algumas boas mudanças aconteceram agora que a Hammer film entrou em cena,

Os filmes da Hammer, produtora britânica de filmes de terror, começaram excelentemente bem com seu talento em criar ótimas cenas de terror e suspense, mudando o estilo do gótico adicionando "gore" e erotismo. 

Mas principalmente o poder de adaptação da obra original para o cinema é o que faz os primeiros filmes da Hammer vivos até hoje. Antes dela se rebaixar para tramas vazias preenchidas com sangue e sexo, os filmes iniciais contem um ótimo ritmo até hoje.



O primeiro Remake de A Múmia continua sendo um filme de terror, mas agora ele abre espaço para mais mistérios, fazendo o publico se perguntar: Quem é a múmia? O que ela quer? e Quem é o real vilão dessa trama?

O roteiro tem um bom ritmo o que torna o filme mais dinâmico e tem um tempo melhor, 20 minutos a mais do que o original. 

O conflito amoroso some desse filme e a tal múmia acordada se assemelha muito mais a um zumbi haitiano do que ao estilo do filme original. Mais da trama serão Spoilers incriminadores, porém vai de você gostar desse tipo de monstro, se a resposta for não, nem assista ao filme.


Um ponto curioso desse filme é o pedaço em que o flashback para o Egito Antigo acontece. momento em que entendemos a trama, o filme praticamente permanece lá um ato inteiro. 

Mesmo sendo muito interessante e muito bem construído, a uma quebra no ritmo, pois quando ele retorna ao presente eu me senti um tanto perdido com o que estava acontecendo. Mas correndo o risco de transformar esse pedaço em um prologo que estragaria toda a essência de terror, criar esse pedaço não foi uma decisão ruim e criou uma identidade.

A Múmia da Hammer film, tem mais charme, ritmo, substancia e identidade do que o original. Me arrisco a dizer que hoje em dia um fã de terror terá grandes chances de se divertir com esse filme, mesmo ele não sendo mais assustador.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=nTnkLTRR6v8



Dados de Viagem:(Ano Estelar-46723.2)
Data de Lançamento: 22 de Setembro de 1959.
Local: Tumba de Ananka.(Filme Britânico).
Guia de Viagem(Diretor): Terence Fisher.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Crítica | Um Cadáver Para Sobreviver (2016)


Cinema autoral, bastante solto das regras padrões, mensagens profundas e muito bem inseridas.

Quando um naufrago que já desistiu e está prestes a se matar encontra um cadáver a deriva, eis que uma bela amizade começa em uma maluca jornada por autoconhecimento, autoaceitação e críticas sociais.

Quando fiquei sabendo desse filme, logo imaginei uma daquelas viagens sem logica que ninguém entende realmente mas adora dizer que é bom. Mesmo eu adorando filmes mais malucos, um vazio sempre fica dentro de mim, pois o meu eu acomodado não gosta da incerteza de ter que trabalhar para arrumar significado em uma obra que a mensagem talvez não seja a que eu imaginei.

Te confundi? Mas essa é exatamente a intenção desses filmes, pois a vida é uma construção caótica em que você interpreta do jeito que quiser. E a função das estórias deveria ser provar significados através de pontos de vista. Mas quando isso não acontece, uma das regras mais antigas foi quebrada, gerando uma sensação de desconforto que sempre buscamos fugir no mundo real. E escute o que eu digo - ISSO É OURO!

Após ficar sabendo que diversos elementos desse filme foram trabalhados porque os cineastas simplesmente não gostam desses elementos foi o que me fez embarcar nessa viagem de cabeça. Porque são as nossas limitações que nos tornam mais criativos.



Voltando ao filme, o roteiro sabe muito bem ser maluco o suficiente sem voar muito com a estória e principalmente, as regras do mundo nunca traem o espectador, mesmo que ele odeie o filme.

Ao embarcar nessa viagem dúbia em que você tenta transformar em normal, pensando que tudo não passa apenas de alucinações de um naufrago. O filme passeia por uma viagem de autoconhecimento, malicia e ingenuidade, autoaceitação e ainda consegue fazer algumas criticas sociais. "O que eu mais gostei foi a dificuldade de se soltar para o mundo e se achar digno de conquista-lo, essa é uma prisão que muitos de nós nos colocamos sempre".

A licença poética é um pouco exagerada, mas casa completamente com o filme e nos da uma sensação de fascínio e conforto visual.

Em alguns poucos momentos o filme é mal substanciado com cenas e diálogos, como a famosa frase sobre o Jurassic Park, que serve apenas para fazer uma referencia cinéfila e agradar os cinéfilos Hardcore que gostam desse tipo de filme. Para mim fazer um filme que vai contra as regras padrões é não obedece-las, mas se você obedece outras regras você não está livre e sim escrevendo dentro de um gênero que você apenas pensa que não existe.

Como Robert Mckee disse no excelente livro STORY, todos os escritores são escritores de gênero. Até os escritores de filmes de Arte respeitam regras e estão dentro de um gênero especifico, pois atendem um publico em especifico.



A direção quer sempre nos causar aquela sensação de estranheza, através de planos criativos e uma boa paleta de cor.

Tanto a edição de som, quanto a mixagem são precisas. Ambas compõe muito bem o filme. Um bom exemplo são as grandes cenas poéticas que sofrem um corte brusco na trilha sonora que visa mostrar a paranoia do protagonista. - Nada daquilo está acontecendo.

Paul Dano e Daniel Radcliffe dão vida ao personagem. O personagem de Paul é mais complexo e é mais difícil interpretá-lo, mas é muito legal ver Daniel tentando sair da carapaça de Harry Potter, ele é um bom ator.

Um Cadáver Para Sobreviver é um filme, estranho, divertido, com boas mensagens, muito bem construído, levemente inseguro e um dos melhores do ano.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=icPMWXVcuXw


Dados de Viagem:
Data de Lançamento: 29 de Dezembro de 2016
Local: Ilha Deserta.
Guias de Viagem: Daniel Kwan, Daniel Scheinert
Titulo Original: Swiss Army Man.




O viajante 0, Matheus Amaral.

David Lynch já dizia : "Se a vida é confusa os filmes também devem ser."

NÃO PERCAM ESSE FILME !





domingo, 1 de janeiro de 2017

Crítica | Invasão Zumbi (2016)


Dinâmico, tenso, assustador, emocionante, frio e com ótimos conceitos. Invasão Zumbi soube trabalhar bem com os elementos do "gênero" zumbi, conseguindo inovar na medida do possível.

Quando um pai completamente ausente se incube de levar a filha para Busan, onde mora sua ex-mulher. Eis que um surto misterioso que transforma as pessoas em Mortos-Vivos agressivos invade o trem e aparentemente toda a cidade, Agora cabe ao pai lutar pela sobrevivência da filha e inconscientemente descobrir qual o valor da coletividade, da bondade e das pessoas,

Filmes catástrofe, onde a sociedade é esmagada por uma força maior e aparentemente incontrolável, trazem o cenário perfeito para apontar problemas na sociedade e no individuo. Isto se da porque só revelamos quem realmente somos nos momentos de tensão, através de nossas escolhas. Por isso gostamos tanto de filmes que abordam sobrevivência.

Quando George Romero tirou os zumbis da era gótica e nos apresentou um novo conceito, que futuramente se transformou em uma nova tendencia, eis que o subgênero zumbi foi criado na mente dos incontáveis fãs.



Invasão Zumbi soube trabalhar bem com os elementos já utilizados incontáveis vezes, e conquista seu publico com a nova ideia de colocar os protagonistas em um trem, que reflete nossa sociedade de uma maneira claustrofobia, e com os ótimos conceitos de preconceito, sacrifícios, lideres tiranos e principalmente o coletivismo.

O roteiro soube apresentar bem quem são os personagens, qual será o ambiente e qual será a jornada. Antes do incidente dentro do trem acontecer, o filme é bastante familiar, vemos uma família com problemas x, noticias estranhas que não parecem ser o que são entre outros.

Quando o trem sai da estação é quando vemos um protagonista que beira ao anti-herói iniciar a sua jornada por sobrevivência em uma viagem metafórica até Busan.

O trunfo dessa estória é saber dosar tudo na medida certa. O filme instiga quando tem que instigar, assusta quando deve assustar, provoca quando é necessário, mostra as regras desse mundo com clareza e traz peonagens com camadas profundas que nos encantam com sua autenticidade. E isso se da ao EXCELENTE trabalho de direção.



Todos os atores estão muito bem conduzidos, os Takes e os jogos de câmera são muito precisos e a direção de fotografia é ótima.

A computação gráfica compõe a estoria na maior parte do filme, em poucos momentos ela fica um pouco exagerada.

Os zumbis estão excelentemente bem caracterizados, e junto ao seu modo de agir, dão um tom de infestação, mas com uma pitadinha de sobrenatural.

Geralmente deixo de falar de um dos fatores mais importantes de todos, a edição, que trouxe um ritmo frenético perfeito para o filme e em nenhum momento fica confusa.

O filme tem poucos erros em relação as regras do mundo, mas são pequenos e quase imperceptíveis. E uma cena do segundo ato pode ser um pouco confusa e consequentemente um defeito para cinéfilos mais Hardcore.

Invasão Zumbi é um excelente filme de zumbi que soube ser diferente e como já dito inovou na medida de possível. Mas em vários momentos não pude deixar de ver as obras de Romero aparecendo, por isso que como um todo não é um filme inovador, mas trouxe um ótimo gás para o gênero. É um filme como poucos outros.

ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=pyWuHv2-Abk


Dados de Viagem:
Data de Lançamento: 23 de Dezembro de 2016
Local: Coréia do sul.
Guia de Viagem: Yeon Sang-Ho.
Titulo Original: Busanhaeng (Trem para Busan).



O Viajante 0, Matheus Amaral


"ADOREI O FILME!"
Obs: Pessoal como todo bom viajante precisa viajar, nosso Blog vai parar por uma semana e só retornara entre os dias 9 e 10. Até lá abraços.